sábado, 16 de abril de 2011

14 de Abril, Há 154 Anos Acontecia o Enforcamento do Escravo Aleixo


Hoje relembramos um dos mais tristes episódios ocorrido na história dessa cidade, falaremos sobre o triste fim de um escravo buritiense que foi levado para Parnaíba e enforcado em praça pública, acusado de bárbaro crime. Vamos aos fatos:

No pacato povoado de Buriti dos Lopes, na residência do Capitão José Francisco de Miranda, aconteceu um dos mais trágicos crimes ocorrido no lugar. Na noite, de 27 de agosto de 1856, era realizada uma festa dos negros escravos na senzala, enquanto isso, Dona Carolina Tomázia e Silva Miranda, filha do Coronel, parnaibano, Simplício Dias da Silva e esposa do Capitão acima mencionado, estava sozinha em casa, lendo seu livro à cabeceira de uma mesa, à luz de um candelabro de prata, com velas de cera, e de repetente tombava sem vida, vítima de um tiro de granadeira, disparado misteriosamente.
Seu corpo foi levado para Parnaíba, pois seria sepultada na Catedral de Nossa Senhora da Graça, junto de seus familiares. O crime levou muito tempo para ser desvendado, pois não havia pistas de quem o teria cometido, após oito meses as investigações apontaram Aleixo como autor do homicídio. Aleixo era escravo da rica senhora, e teria sido acusado pelo fato de que dias antes do crime, havia sido esbofeteado pela poderosa esposa do Capitão Miranda. Sua Senhora não aceitava o amor que Aleixo tinha por uma de suas mucamas, e por não obedecer às ordens de não aproximar-se da escrava preferida, era constantemente castigado.
E levado para a cidade de Parnaíba, foi protagonista de um triste espetáculo, na rua da antiga cadeia, hoje, Rua Francisco Correia, registrou-se um fato inédito nos anais da história Parnaibana. Era o dia 14 de abril de 1857, às 08 horas da manhã. Aleixo, o preto escravo, vestido com a túnica mortuária, tendo uma corda ao seu pescoço, em cuja ponta segurava o carrasco, seguia a Frei Brito, capelão da Milícia, que lhe administraria a extra-unção, foi solenemente enforcado em pelourinho previamente preparado, na presença de vários espectadores.
Cabe a nós analisarmos e fazermos o julgamento a que Aleixo não teve direito, Seria mesmo ele o assassino? E se foi, quais as razões que o levaram a tal ato? Não teria Aleixo simplesmente se defendido, ou ficado farto de tantos maus tratos? Não seria nosso personagem mais uma vítima de um crime perfeito? O crime não teria levado muito tempo ser desvendado? E nesse período de investigações o que foi descoberto para incriminar Aleixo seria verdadeiro?
É amigo leitor, nossa história infelizmente não nos responde esses questionamentos, o que se sabe é que essa é a única passagem histórica, registrada em nossos livros, que menciona a presença de escravos em Buriti dos Lopes, os registros históricos costumam sempre ser injustos com os menos favorecidos e indefesos, pobres, indígenas e escravos rotineiramente aparecem como vilões nas narrações de escritores ultrapassados.
Texto: Gildazio e Neném Calixto – Baseado em PASSOS, Caio. Cada Rua Sua História – Parnaíba/PI, 1982.
Fonte: portalburitiense

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