sexta-feira, 29 de abril de 2011

Zezita Sampaio, Uma Buritiense Notável!


Zezita Cruz Sampaio foi uma das mais importantes figuras que esta cidade já viu, nasceu no dia 20 de outubro de 1907, filha de Antônio Romão de Sousa e de Maria Florência da Cruz, Zezita sempre foi admirada, em sua juventude atraia a atenção de todos por sua beleza e seu jeito refinado de ser, extremamente inteligente, tinha o dom da escrita e da oratória, sabia expressar-se como ninguém e se fazia compreender tanto por pessoas simples como pelas autoridades.
De estatura mediana e uma voz marcante, com seu olhar firme e penetrante não hesitava nas decisões, gostava de se manter atualizada lendo jornal da capital e para saber o que se passava no dia a dia da cidade, recebia muitas visitas e com elas conversava sobre os problemas da comunidade, não dava risadas à toa, sua seriedade era respeitada. Zezita Cruz Sampaio casou-se com o Contra-Almirante Gervásio Pires de Sampaio, um ilustre buritiense. Zezita herdou de seu esposo todo o poder e prestígio que este possuía na sociedade buritiense, e graças a isso, mesmo viúva, foi Prefeita de Buriti dos Lopes, através de eleição popular para o mandato de 1959 a 1963, sendo a primeira prefeita na história do município, onde realizou uma brilhante administração voltada para o progresso. Dentre as principais realizações de seu mandato podemos destacar a construção do Fórum Wilson Bona e a Cadeia Pública da cidade, etc…
Sócia fundadora e presidente da associação São Vicente de Paula que tinha como projeto a construção de uma escola primária voltada para atender aos mais carentes, criada a instituição recebeu como primeiro nome Escola São Vicente de Paula, que anos depois, numa justa homenagem à fundadora da associação, passaria a se chamar Unidade Escolar Zezita Sampaio. Mesmo depois de seu mandato, Zezita foi a maior liderança política local, pois sempre desfrutava de grande prestigio junto aos políticos na esfera estadual, dentre estes deputados senadores e governadores os quais era muito comum frequentar sua casa. Em sua na sala, encontra-se o primeiro telefone chegado na cidade, que era geralmente utilizado para se comunicar com as autoridades e serem tomadas decisões voltadas para o bem município. Zezita Sampaio não deixou filhos, morreu no dia 07 de abril do ano de 1984, aos 77 anos, sua morte chocou toda a cidade, Buriti perdia um de seus mitos, porém ainda hoje sua lembrança permanece viva na memória do povo buritiense.
Texto: Prof. Gildazio e Neném Calixto

Fonte: portalburitiense.com.br

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Buriti dos Lopes - Retificando Um Lapso na História


O Portal Buritiense vem retificar algumas informações que colocamos na matéria intitulada, “14 de Abril, Há 154 Anos Acontecia o Enforcamento do Escravo Aleixo”, postada no dia 13 do corrente mês, a referida matéria faz referência ao trágico episódio, ocorrido em nossa cidade, que foi o crime supostamente praticado por um escravo. A produção do texto foi embasada em pesquisas realizadas no livro de Caio Passos de 1982 (Cada Rua Sua História), porém recentemente tivemos acesso a outra fonte de pesquisa e nela encontramos data diferente para a ocorrência do crime.
A equipe do Portal não satisfeita com a inconsistência de datas às quais encontramos, dirigiu-se à Catedral de Parnaíba, onde encontra-se o túmulo de D. Carolina Thomázia, e pudemos verificar que na lápide colocada sobre seu túmulo encontra-se além da data correta de seu falecimento (1850), seu nome completo que era D. CAROLINA THOMAZIA DIAS DE SEIXAS E MIRANDA. Portanto corrigimos a discordância de datas que existe na bibliografia pesquisada, e refazendo os cálculos podemos dizer que enforcamento de Aleixo ocorreu há 160 anos (14 de abril de 1851) e não há 154 como havíamos colocado.

Texto: Prof. Gildazio e Neném Calixto – 27 de abril de 2011./Portal Buritiense

terça-feira, 26 de abril de 2011

Barra do Longá presente na história

Barra linda de porto firme
Navios e barcos a ancorar
É bonito ver o belo encontro
Dois rios correndo a se abraçar
Foi terra de povos nativos
De tribos, Tapúias e Alongás
Águas vermelha e escura
Do Parnaíba e do Longá

Banzeiros com águas em abundância
O verde esperança o grande pomar
O vento forte soprando
À noite brilha o luar
Cardumes de peixes nadando
Subindo pra desovar
As pororocas correndo
Em direção para o mar

Às vistas de Santa Luzia
A comunidade feliz está
As margens do rio Parnaíba
Santuário da Barra do Longá
Foi o segundo estaleiro do estado
Calafates com trabalho de primeira
Porto que marcou passagem histórica
Dos Alves, dos Lopes e Pires Ferreira

Barra amada de muitos amigos
No festejo, multidão em procissão
Em louvor a Santa Luzia
Os romeiros em devoção
De muitos lugares distante
Ricos e pobres sem distinção
Pra pagar suas promessas
Agradecendo a sua proteção

Barra do Longá, terra querida!
Aos balaios serviste de trincheira
Em ti buscaram refúgio
Como hoje, sempre foi hospitaleira
A história sendo recontada
Aos filhos a verdade com certeza
Uma guerra de heróis vencidos
Vítimas da intolerância e da pobreza

Poesia: Neném Calixto e Prof. Gildazio

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A família Castello Branco em Parnaíba


O amigo Alcenor, escreveu e bem , o artigo "Onde Fica a Casa Grande? " . Fico com o notávcel poeta, na máxima afirmativa de que a Parnaíba, vive um momento de reencontro com o seu glorioso passado, através das conquistas que estão sendo vividas no presente, com o olhar para o promissor futuro , quando em 11 de junho próximo vindouro, a Villa da Parnahiba, completará oficialmente 300 anos de história. No que se refere a Casa Grande, consta no seu testamento a avaliação dos seus prédios urbanos, o de maior valor como sendo o existente com 04 janelas para a Rua da Glória e 06 janelas para a Rua Grande, avaliado em 6.000$000- seis contos de réis. Coincidentemente, é o que ainda hoje está caracterizado como tal. Quanto aos 300 anos de existência de Parnaíba, o documento datado de 11 de junho de 1711, é a comprovação de que João Gomes do Rego Barros, preposto do rico sertanista e empreendedor Baiano Pedro Barbosa Leal, proprietário da dita vila, solicitou e obteve do bispado do Maranhão, a autorização para erigir uma igreja para veneração de Nossa Senhora de Monte Serrathe, santa de devoção do seu proprietário. Tanto é verdade, que o lugar passou a ser chamado de Villa de Nossa Senhora de Monserrathe. Naquele ano a família Lopes, já estava residindo às margens do riacho Burití, próximo à barra do Rio Longá, no velho Parnaíba.

Hoje, quinta feira da Paixão de Cristo, estivemos juntos e entre outros assuntos, tratamos do bom momento progressista que a cidade e toda a região da grande Parnaíba, está vivenciando. Na oportunidade, comuniquei-lhe que havia escrito o modesto texto, a seguir, que trata da ligação de suas famílias “ Castello Branco “ e “ Lopes “ , com a Villa da Parnahiba, há 300 anos:

A RESPEITO DE ALCENOR RODRIGUES CANDEIRA FILHO

O polivalente parnaibano em tela, é orgulho das gerações atuais vivas de sua cidade natal. Nascido em 10/02/1947, por formação universitária como advogado, aposentou-se como procurador federal. Também, exerceu com louvor o magistério no ensino médio e universitário (UFFPI) , e ainda hoje milita nessa área, exercendo com dignidade e competência as funções atinentes de Secretário Municipal de Educação. Culturalmente, é ensaísta, crítico literário e poeta. Mas, ser poeta aos meus olhos é a sua praia, tão bem expressada em tantos poemas que lhe levaram a distinção de membro das academias Parnaibana e Piauiense de Letras. Mas, “Passando em Revista” o “Memorial da Cidade Amiga” , mentalizo “Parnaíba”, como o seu poema maior, às vistas de todo o seu verbo poético. Assim, eu sei de cor:

Parnaíba não é uma ilha fluvial
A martelar-me a memória.
É uma cidade inteira
Dentro de mim,
Latejando em mim,
Há um ano e meio após
a tragédia de Hiroshima...

Aí, nesse poema, percebe-se a sua referência ao ano de seu nascimento, quando em fatídico dia na 2ª guerra mundial, a bomba atômica explodiu no Japão. E hoje, quando a história se repete, lá no oriente, face aos últimos acontecimentos da natureza, provocando danos nucleares à humanidade, entende-se que é chegada a hora à uma reflexão mais apurada, no caminhamento do homem em direção ao futuro.

Mas, tratando de pessoas, lendo e relendo a obra genealógica de Edgardo Pires Ferreira, mesmo sabendo que o homem focado é membro da família Castello Branco, oportunizei-me em saber que o mesmo é descendente direto de Francisco Lopes fundador de Buriti dos Lopes por volta de 1700, e João Gomes do Rego Barros, que no início da segunda década do século XVIII implantou na beira do Igará (Igaraçu) as primeiras charqueadas no futuro estado do Piauí, na condição de preposto e Capitão-mor da Villa Nova da Parnaíba (região da Parnaíba), apropriada pelo rico empreendedor baiano Pedro Barbosa Leal. Então, verifiquemos :

JOÃO GOMES DO REGO BARROS, era pernambucano, filho de João do Rego Barros, irmão de Francisco do Rego Barros, que exerceu as funções reais de Governador da Capitania da Paraíba(1663-1670) e Ofícial Provedor da Fazenda Real de Pernambuco. Nasceu em Olinda por volta de 1856. Faleceu em Parnaíba. Foi Capitão-mor da Villa Nova da Parnahiba, de propriedade do poderoso empreendedor baiano, Pedro Barbosa Leal, quando em 1711, agilizou e conseguiu, como representante do mesmo, a autorização para erigir na dita vila, uma igreja para veneração de Nossa Senhora de Monte Serrathe. Daí, a localidade passou a ser conhecida como Villa de Nossa Senhora de Monserrathe da Parnahiba. Em 1712, quando do levante dos tapuias na região norte dos estados do Piauí, Maranhão e Ceará, por ocasião da invasão da Villa Parnahiba, pediu socorro e foi atendido pelo Mestre de Campo, Cel. Bernardo Carvalho de Aguiar, fundador de São Miguel dos Tapuios, Campo Maior e São Bernardo (MA) , que retomou o lugarejo, acantonando os gentios no Delta do Parnaíba, sob a orientação religiosa do Frei Lino de Mescent, implantando-se então o 1º aldeiamento na região. Em 14 de julho de 1725, recebeu do Governador Geral do Estado do Maranhão e Grão Pará, terras no delta do Rio Parnaíba, quando passou a cuidar dos próprios negócios, indo residir no lugar Testa Branca, atualmente a comunidade Chafariz. Casou em primeira núpcia na cidade de São Luiz (MA), com Anna Castello Branco de Mesquita. Posteriormente, viúvo , casou com sua cunhada Maria do Monte Serrathe Castello Branco, nascida em Lisboa, e falecida no Piauí. Ambas as esposas eram filhas de Dom Francisco da Cunha Castello Branco, que vindo de Pernambuco, após passar pelo Maranhão, estabeleceu-se na Bitoracara (Campo Maior). Os seus filhos do primeiro matrimonio, foram Maria Eugênia de Mesquita Castelo Branco, Lourenço dos Passos Rego Castello Branco, Rosendo Lopes do Rego Castelo Castello Branco e João do Rego Castello Branco; Os do segundo matrimônio, Francisca do Monte Serrathe Castelo Branco, Florência do Monte Serrathe Castello Branco e Anna do Monte Serrathe Castello Branco.

Sua descendente na 5ª geração, Francisca Maria de Jesus Castello Branco, casou com o Alferes José Lopes da Cruz, filho de Ângelo Antonio Lopes(descendente dos Lopes) , este, assassinado pelos balaios em 1839, na sua fazenda Tinguís (Burití dos Lopes), quando contava 90 anos de idade. Dessa união nasceram Maria Eugênia Lopes da Cruz, Estevão Lopes Castello Branco, Francisco Miguel dos Anjos Lopes Castelo Branco “O Ruivo” (Balaiada) , José Lopes da Cruz Filho, Joaquim Antonio Lopes, Carlos Lopes Castello Branco, Alexandre Lopes Castello Branco, Francisca Maria Castelo Branco, Anna Francisca Castello Branco, João Lopes Castello Branco e Luís José Demétrio Castello Branco, todos da 6ª geração..

MARIA EUGÊNIA LOPES DA CRUZ, casou com seu primo Francisco Gil Castello Branco. Seu ente José Francisco de Sant’anna, casou com Marianna de Sousa Fortes, nascida no Livramento, atualmente município de José de Freitas..

MARIANNA DE SOUZA FORTES, Nasceu em 1815, faleceu em 1910. Casou com seu primo, José Francisco de Sant´ana, filho de Veneranda Clara Castello Branco e José Joaquim de Sant’anna, descendente de Francisco Gil Castello Branco e Maria Eugênia Lopes Castelo Branco. Seu filho Fenelon Santana, falecido na Amazônia em 22/07/1896, casou em 22/04/1895, com sua prima Feliciana Ferreira Castello Branco, com a qual, teve dois filhos. Fenelon de Sant’ana Castello Branco e DulcilaSant’ana Castello Branco, esta, mãe do renomado jornalista brasileiro, Carlos Castello Branco.

FENELON SANTANA CASTELLO BRANCO, nasceu em 19/03/1897, em União. Casou em primeiro matrimônio com sua prima Ana Martins Castello Branco, filha de Lívio Ferreira Castelo Branco e Maria Ester Martins. Desse primeiro casamento nasceram Maria de Lourdes Santana Castelo Branco, José Castelo Branco, Lívio Ferreira Castelo Branco Neto e Maria Thereza Martins Castello Branco.

MARIA DE LOURDES SANTANA CASTELLO BRANCO, nasceu em Parnaíba, em 06/10/1918. Casou em 27/03/1943, em São Luiz , com Alcenor Rodrigues Candeira, com o qual, teve os filhos , Carlos José Castelo Branco Candeira, Ana Maria Castelo Branco Candeira, Alcenor Rodrigues Candeira Filho e Tânia Maria Castelo Branco, esposa de Francisco Canindé Correia.

ALCENOR RODRIGUES CANDEIRA FILHO, filho de Alcenor Rodrigues Candeira e Maria de Lourdes Santana Castelo Branco. Nasceu em 10/02/1947, na cidade de Parnaíba. Casou em 1ª núpcia com Simone Lages de Carvalho. São seus filhos, Dina de Carvalho Candeira, Diana de Carvalho Candeira e David de Carvalho Candeira. Efetivamente, o brilhante intelectual parnaibano é descendente direto do Alferes, José Lopes da Cruz e Francisca Maria de Jesus Castello Branco, da 5ª geração de João Gomes do Rego Barros, portanto um parnaibano de 300 anos de história, como também o atual prefeito de Parnaíba, José Hamilton Furtado Castelo Branco, bisneto de Luiz José Demétrio Castello Branco e Ângela do Monte Serrathe.

Por Vicente de Paula Araújo Silva “Potência”
Fonte: acesso343

A ocupação do solo piauiense


A ocupação do solo piauiense, tem a ver com as do Ceará e Maranhão. A história dos primórdios da fixação do homem chamado civilizado nessa região é a mesma. Vejamos:

As Capitanias do Ceará e Piauí, doada a João Cardoso de Barros e Antonio Cardoso de Barros, ficaram abandonadas, e indefesas ante a ação de aventureiros franceses e holandeses. Assim, mais precisamente na região que compreende o extremo oriental do Ceará ao Delta do rio Parnaíba, as primeiras incursões nesses territórios, foram penetrações a partir das emborcaduras dos rios Timonha, Ubatuba, Camurupim, Portinho e Parnaíba, em direção à serra da Ibiapaba. Essas entradas, foram feitas por piratas e corsários europeus e tiveram o propósito único de exploração econômica através do contrabando de madeira de lei em comércio com os índios da região.

A partir de 1590, os franceses estabeleceram-se na serra da Ibiapaba, comandados por Bombille e Jacques Rifault, tinham a simpatia dos indígenas chefiados por Jeropasyaçu (Diabo Grande) e Irapoã (mel Redondo). A partir daí, a coroa portuguesa passou a se preocupar com esse início de ocupação, já que nesse tempo, os franceses tinham livre trânsito entre os nativos da região compreendida entre a serra da Ibiapaba e a Ilha do Maranhão. Então, a coroa portuguesa resolveu intervir e expulsar os franceses da região. A ordem para a jornada, foi dada pelo governador Diogo Botelho de Meneses, em Olinda, na reunião realizada em 21/03/1603, com o capitão-mor de Pernambuco, capitão-mor da Paraíba e o sargento-mor Diogo de Campos Moreno, com o objetivo de expulsar os franceses, investigar a existência de minas e descobrir a costa maranhense. Partindo ainda neste mesmo ano, essa missão guerreira comandada pelo açoreano Pero Coelho de Sousa, seguindo o rio Camocim, chegou a serra da Ibiapaba no início de 1604, após dominar os primeiros indígenas e aprisionar 10 franceses. Pretendia o mesmo chegar até a ilha do Maranhão, para expulsar outros franceses que lá estavam acantonados. Essa ação se esvaziou às margens do rio Punaré (Parnaíba), devido ao clima de insubordinação da tropa, face ao estado deplorável em que se encontravam como seres humanos. Após, a ocupação da Ilha do Maranhão pelos franceses sob o comando de Daniel de La Touche e Charles Des Vaux, e a expulsão dos mesmos, foi criado o Estado do Maranhão, instituído pelo Decreto Real de 13/06/1621, que compreendia os atuais estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Alto Amazonas, subordinado ao Governador Geral de São Luís do Maranhão. Assim, iniciou-se a ocupação ordenada dos estados do Piauí, Maranhão e Ceará.

Da série :ESTÓRIAS A RESPEITO DA HISTÓRIA DA PARNAÍBA

Por Vicente de Paula Araújo Silva “Potência”
Fonte: acesso343

Ao Saudoso Benedito Escórcio

Saudoso músico amigo
De ti temos recordação
Tocavas divinamente
Com toda dedicação


Podemos considera-lo
Em toda população
Um dos melhores da história
A música era sua paixão

Com sua linda clarineta
Tocava valsa e baião
No samba dançante se via
A arte deste cidadão
Tocando o hino da padroeira
Comovia os corações
O som ecoava em toda cidade
Recordando amizades e paixões

A Avenida nunca esquece
Seu morador importante
Que abrilhantava as festas
Sem se importar com o montante
Sua casa nos recorda
Aquela presença constante
Conversando e sorrindo com amigos
Lembrando dos tempos distantes

Amigo Benedito Escórcio
Deixou seu povo chorando
O som de seu instrumento
Não se ouve mais tocando
Saudade, saudade, que pena !
O povo ficou lamentando
Pela Fanfarra foi homenageado
Em vida viu seu nome brilhando

Nunca abandonou sua cidade
De tudo ele conhecia
Seu mestre foi Almir Araújo
Na música se garantia
Benedito, quando era convidado
Não, ele nunca dizia
Infelizmente não deixou discípulo
E seu legado não mais se ouvia

O seu belíssimo instrumento
Perdeu seu belo refino
Não sentiu mais seu dono
Nem ganhou o seu carinho
Andou por algumas mãos
E para um museu o destino
Ficou no Solar dos Escórcio
Da família Alexandrino

Um membro de nossa banda
Jovem de nossa cidade
Acompanhou todo o cortejo
De nosso músico de idade
Faria uma homenagem póstuma
No Cemitério da Igualdade
O Toque de Silêncio soou
Execução pioneira na cidade

Enquanto a corneta tocava
A comoção era total
A tristeza foi tremenda
Perante a dor mortal
E seu corpo foi sepultado
Nesse distinto funeral
Nunca antes foi tão justa
Aquela homenagem final

Poeta e historiador – Nene Calisto (portal buritiense)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A Lenda de Luana


A linda Luana era filha querida da tribo dos Alongás, amava e adorava sua terra, Luana nas noites de lua cheia acostumou-se a entoar seus belíssimos cânticos para alegrar aquela tribo que vivia em cima do morro da Pedra Úmida, que fica às margens da Lagoa Grande de Buriti dos Lopes, também chamado Morro da Bandeira, é uma grande montanha defronte para o nascente e para o poente, um dos mais belos enfeites da mãe natureza aqui da região, lugar da melhor vista panorâmica buritiense, principalmente quando se olhava lá do pátio da morada daqueles índios.
Aquela família tribal era riquíssima guardavam suas fortunas e tesouros dentro de uma gruta que continha vários compartimentos e era formada por uma enorme pedra localizada a 300 metros do topo daquela montanha, acreditavam que ali seria o local mais seguro e de confiança, o tesouro ficava em lugar desconhecido da grande maioria indígena aos cuidados de Luana, naqueles três morros existiam três tribos diferentes que embora pertencessem a mesma nação, mais tarde deveriam ser unificadas pelo encanto e simpatia da filha do cacique Sol e da mãe Lua. Quando começava seus belíssimos cânticos, toda natureza parava para ouvi-la, os pássaros voavam em sua volta quando não pinotavam de alegria e com ela aprendiam a cantar. Ao terminar aquela bela apresentação os pássaros continuavam cantando cada um conforme a sua melodia, transformando toda aquela montanha e floresta numa só festa assim as tribos viviam em harmonia.
Com a chegada do homem branco na região tudo ficou diferente, começou a pesca e a caçada com a maior extravagância e destruição, Luana era protetora das matas e da grande lagoa, ao ver os animais mortos de tiros, os peixes pescados com redes de malha, ficou bastante desconsolada nas margens, entristeceu e não cantou mais, encantou-se , desapareceu, levou consigo o grande e riquíssimo tesouro das tribos daquelas montanhas. Ela agora só aparece na época da piracema, principalmente nos grandes invernos, quando para tentar diminuir a captura dos peixes lança nevoa e neblina em toda a região, causando o medo e o espanto a qualquer vivente que passar por ali, logo forma-se um temporal que se espalha por toda lagoa, onde os barcos e pescadores nunca chegam no rumo desejado e no final das grandes enchentes Luana volta a desaparecer nas águas.
Então as três tribos, insatisfeitas, tristes e pobres, amarguradas por terem perdido o canto de Luana e toda aquela fortuna, foram embora e abandonaram a nossa terra se refugiando na grande serra da Ibiapaba.
Por:Nenen Calixto/Portal Buritiense

sábado, 16 de abril de 2011

14 de Abril, Há 154 Anos Acontecia o Enforcamento do Escravo Aleixo


Hoje relembramos um dos mais tristes episódios ocorrido na história dessa cidade, falaremos sobre o triste fim de um escravo buritiense que foi levado para Parnaíba e enforcado em praça pública, acusado de bárbaro crime. Vamos aos fatos:

No pacato povoado de Buriti dos Lopes, na residência do Capitão José Francisco de Miranda, aconteceu um dos mais trágicos crimes ocorrido no lugar. Na noite, de 27 de agosto de 1856, era realizada uma festa dos negros escravos na senzala, enquanto isso, Dona Carolina Tomázia e Silva Miranda, filha do Coronel, parnaibano, Simplício Dias da Silva e esposa do Capitão acima mencionado, estava sozinha em casa, lendo seu livro à cabeceira de uma mesa, à luz de um candelabro de prata, com velas de cera, e de repetente tombava sem vida, vítima de um tiro de granadeira, disparado misteriosamente.
Seu corpo foi levado para Parnaíba, pois seria sepultada na Catedral de Nossa Senhora da Graça, junto de seus familiares. O crime levou muito tempo para ser desvendado, pois não havia pistas de quem o teria cometido, após oito meses as investigações apontaram Aleixo como autor do homicídio. Aleixo era escravo da rica senhora, e teria sido acusado pelo fato de que dias antes do crime, havia sido esbofeteado pela poderosa esposa do Capitão Miranda. Sua Senhora não aceitava o amor que Aleixo tinha por uma de suas mucamas, e por não obedecer às ordens de não aproximar-se da escrava preferida, era constantemente castigado.
E levado para a cidade de Parnaíba, foi protagonista de um triste espetáculo, na rua da antiga cadeia, hoje, Rua Francisco Correia, registrou-se um fato inédito nos anais da história Parnaibana. Era o dia 14 de abril de 1857, às 08 horas da manhã. Aleixo, o preto escravo, vestido com a túnica mortuária, tendo uma corda ao seu pescoço, em cuja ponta segurava o carrasco, seguia a Frei Brito, capelão da Milícia, que lhe administraria a extra-unção, foi solenemente enforcado em pelourinho previamente preparado, na presença de vários espectadores.
Cabe a nós analisarmos e fazermos o julgamento a que Aleixo não teve direito, Seria mesmo ele o assassino? E se foi, quais as razões que o levaram a tal ato? Não teria Aleixo simplesmente se defendido, ou ficado farto de tantos maus tratos? Não seria nosso personagem mais uma vítima de um crime perfeito? O crime não teria levado muito tempo ser desvendado? E nesse período de investigações o que foi descoberto para incriminar Aleixo seria verdadeiro?
É amigo leitor, nossa história infelizmente não nos responde esses questionamentos, o que se sabe é que essa é a única passagem histórica, registrada em nossos livros, que menciona a presença de escravos em Buriti dos Lopes, os registros históricos costumam sempre ser injustos com os menos favorecidos e indefesos, pobres, indígenas e escravos rotineiramente aparecem como vilões nas narrações de escritores ultrapassados.
Texto: Gildazio e Neném Calixto – Baseado em PASSOS, Caio. Cada Rua Sua História – Parnaíba/PI, 1982.
Fonte: portalburitiense

Monumento do encontro do rio Longá com Parnaíba será recuperado

O jornalista José Luiz de Carvalho, vice-presidente do IHAL - Instituto de História, Arte e Letras de Buriti dos Lopes esteve na tarde do dia 15 em Teresina com o médico José Itamar de Abreu Costa, diretor do ITACOR de Teresina e escritor José Itamar Costa membro da Academia de Letras do Vale do Longá para tratar da recuperação do momento em homenagem ao Encontro das Àguas do rio Longá com o Parnaíba localizado no povoado Barra do Longá , no município de Buriti dos Lopes.
(Itamar Costa)

Segundo José Luiz, o escritor Itamar Costa que é natural da cidade de Alto Longá, onde mantém um monumento na nascente do rio Longá, tem interesse na manutenção do momento de Buriti dos Lopes, o qual ajudou a construir. Itamar, autorizou que fosse feito um orçamento para a devida recuperação do momento de Buriti dos Lopes. José Luiz acrescentou que já tomou as primeiras providências no sentido da recuperação daquele marco histórico.
HISTÓRICO
No dia 24 de novembro de 2007, um pequeno monumento foi inaugurado por autoridades locais e representantes de entidades culturais e academias de Letras de algumas cidades vizinhas como Parnaíba, Alto Longá , Campo Maior, Piracuruca. O objetivo da reunião era chamar a atenção das autoridades e das pessoas de um modo geral para a necessidade da preservação daqueles rios, uma vez que ambos vem sofrendo os efeitos da degradação e assoreamento de seus leitos. No ano de 2009, aquele marco histórico foi vítima de ato de vandalismo que destruiu a sua placa de inscrições, onde havia uma mensagem alusiva aquele encontro de rios.

Poeta buritiense Chagas Val


Nasceu no Estreito, Buriti dos Lopes – Piauí, a 23 de julho de 1943.
Até os vinte anos residiu no Piauí onde fez o curso primário no estreito e em Buriti dos Lopes no grupo escolar Leônidas Melo, o ginasial em Parnaíba no ginásio São Luís Gonzaga e até o 2° ano científico também em Parnaíba, no colégio Lima Rebelo, quando, então, se transferiu para São Luís, em 1963, terminando o científico no colégio de São Luíz.
Professor em vários colégios da Capital maranhense (Rosa Castro, Luís Viana, ginásio SENAC, escola Normal do Estado), somente em 1974 licenciou-se em Letras pela UFMA, quando já iniciara a sua carreira poética com a publicação, em 1973 de Chão e Pedra. E vieram depois, Chão Eterno e Mundo Menino (1979), Teoria do Naufrágio (1987), Floração das Águas (1992), Estado Provisório da Água (1993) e Anatomia do Escasso Cotidiano (1998).

Chão e Pedra (1973)

RECRUCIFICAÇÃO

Pode o lago informe ainda
penetrar o chão do corpo
quando o vento apaga o verde
de seu rosto duro e cego?

Pode o vento em si partido
refletir-se no espelho
do espanto só de medo?

Pode o corpo não cumprir-se
debruçado contra o tempo
quando o mundo sem retorno
nasce um grito em cada boca?

Pode o rosto (enquanto cego)
permitir-se um quase riso
quando estar-se afogado
é nascer de nova morte?

Chão Eterno (1979)

POEMA 14

É a ponte um grande arco
distendido sobre as águas,
um abraço de concreto
mais real que todo sonho,
um desenho tão perfeito
que projeta luz e sombra,
um desejo azul de mares,
linha branca e horizontes.
Há sem dúvida no seu bojo
muito vento e maresia.
Contemplada avulta a ponte,
é um pássaro que voa
no silêncio de si mesmo
sobre arcos e ventanias,
luzes brancas que iluminam
a noturna paisagem
que cimenta a fantasia,
um negro traço escuro
nas águas de São Francisco
ou um duro chão de ferro
arquitetado e sombrio.
A ponte não se define
na visão triste dos mortos,
um soluço a alvar de pedra,
um áspero vôo espesso
e asas azuis e verdes
e os carros a percorrem
na veloz noite dos tempos,
dançam luzes pelos ares,
claros sóis, limpos luares,
sons, odores, pesos, pedras,
em sua real construção,
a ponte que se inaugura.

Teoria do Naufrágio (1987)

LUMINOSIDADE

As mãos semeiam luzes no deserto
há sangue no silêncio das gavetas
quem vaga pelas desertas ruas da cidade
ao olhar-se nos espelhos e nas nuvens
cavando abismos no escuro apunhalado?

Quem fere a noite com soluço e sonho
tangendo o sonolento sino da mesquita?
Quem sangra debruçado sobre a tarde
e abre a mão ferindo o próprio medo?
Há passos sonolentos nas calçadas
há risos cristalinos nas janelas

As mãos semeiam cores nos jardins
no espaço se ergue um canto como espada
os frutos iluminados até se abrem
as flores entre galhos incendeiam-se
Quem bate assim na porta tão distante
quem salta sobre muros e se esconde
por trás de mesas, copos e lembranças?

Na sombra assoma um rosto repentino
um rio nasce entre planícies e gestos
as claras águas se iluminam e cantam
Quem pode soeguer-se do silêncio atado
no tempo atrás do mundo com a mão fechada?
Quem pode no escuro despertar o pássaro
do alto da colina acendendo o facho
a luz que vem do chão do espelho mágico?

Floração das Águas (1992)

PAISAGEM DE RELVAS

A relva, quando chove, reverbera
à luz do sol enquanto escorre pelo ar
o som quase inaudível de uma gota d’água
que tomba e se estilhaça docemente

Molhada, a relva encolhe-se sutilmente
qual se ferida em seus frágeis flancos
ou na paisagem claramente exposta
a relva deflagra sua terna alegria

Pequeninos pontos reluzindo ao sol
esparzem-se pelo espaço como espelhos
a refletir a paisagem de relvas
ainda tenras mas viçosas e verdinhas

A relva tece tapetes de verduras
caminhos mais sensíveis pelo espaço
onde pasta a mansa boiada a mugir
gotinhas d’água no ar a desenhar-se

Qual se fora assim o paraíso resumido
os pequeninos seres levemente alados
as florezinhas de um bosque iluminadas
a relva saltitante em meus cabelos

e seu reflexo permanente e belo

travessia

Quem atravessará um rio
entre fios maltecidos?
quem destecerá a chuva
e seus cabelos de frio?

AVE, VIDA!

A vida entre palavras, palavra!
Mais ainda existir se torna áspero,
um passarinho dissolve-se no ar,
não-há o passarinho em dis-solução,
existe sim o pássaro no ar sozinho,
o passarinho dissoluto, o-avezinho

CORRENTES D’ÁGUA

O rio na luz se abre
com seu riso a desenhar-se
na paisagem azul do dia
duas linhas
um fino traço
duas margens verdilongas
é o longá a inundar-se
além do leito
nas margens
o rio estende os braços
alonga o curso
a palavra
a chama acesa das águas
a flor mais úmida da noite
nessa fala mais que breve
nesse vento mais que brisa

Estado Provisório da Água (1993)

ALICERCE

Um alicerce tem suas raízes no tempo
construído com método e precisa engenharia
e sobre ele se edifica uma parede branca,
um pedaço de cidade iluminada em espelho
um rio corre por dentro das veias do centro
ou por baixo das finas areias e de cimento bruto
imperceptível se move uma água rasa, um fio
azul de vento que anuncia a casa construída
o território ocupado por onde as sombras fe-
ridas caminham ou escorrem agudas as vozes
estrídulas de crianças que dançam e brincam,
os olhos cheios de luz, os corpos transparentes

Anatomia do Escasso Cotidiano (1998)

VAN GOGH

Nos campos do luar medram alucinados vegetais,
a mão com pincéis de morte atingem os brancos hospícios,
as cores ferindo a paisagem enlouquecem os finos traços,
flutua na ácida luz uma orelha estranha decepada

A voz ferida entre os girassóis ilumina-se
nos suaves-tensos matizes de amarelo-sangue

Van Gogh planta num quadro os girassóis da morte
as linhas em meio às fundas marcas dos dedos
matizam de sincopados tons a soturna sinfonia,
seus dedos trágicos passeiam sobre a textura da pele

Uma orelha apenas acenderá fúlgidos relâmpagos
no espaço torturado de pinturas sóbrio-atormentadas?
Uma orelha, à margem do infinito fundará incandescente

abismo?

Fonte: Reduto literário

domingo, 10 de abril de 2011

Instituto histórico de Buriti dos Lopes cria seu portal na internet




“Os internautas já podem acessar www.ihalburiti.blogspot.com …“
Por iniciativa da professora Patrícia Pinto Araújo de Carvalho, secretária geral do Instituto de História Arte e Letras de Buriti dos Lopes foi criado na tarde deste domingo, dia dez o blog daquele instituto com o objetivo de resgatar a história e incentivar as artes e letras do município de Buriti dos Lopes. “Os internautas já podem acessar www.ihalburiti.blogspot.com, já a partir deste momento”, disse Patrícia Carvalho.
O instituto foi criado no ano 2008, quando realizou uma das mais belas festas, no momento de sua instalação e posse dos seus sócios, mas ficou praticamente inativo por todos estes anos. Os diretores Bernardo Lucas Matheus, presidente do IHAL, José Luiz de Carvalho, vice- presidente e Francisco Carvalho Nunes, Nenê Calixto, diretor de Patrimônio, estão tomando providências no sentido de que seja alugada uma casa no centro de Buriti dos Lopes para a instalação da sede provisória dessa entidade cultural.
Patrícia Carvalho, disse que o IHAL daqui para frente vai ficar na vanguarda do movimentos em defeso do brejo do riacho Buriti, da preservação da Pedra do Letreiro e de outros recursos naturais que estão ameaçados naquela cidade. Além dos prédios antigos, construído em pedra e cal, localizados na região central da cidade. Ela acrescentou que os seus jornais, ou seja o jornal impresso Correio do Norte e o Portal Correio do Norte estarão trabalhando no sentido de fornecer o suporte de mídia que o instituto necessitar, mas também espera poder contar com apoios, do portal Buritiense e do portal Boca do Povo.

Fonte: Pcn01.com

As três pessoas da Santíssima Trindade



* José Luiz de Carvalho
Na pacata Trindade, sertão nordestino, a população vivia em profundo estado de fé nos santos e na igreja católica. Missa aos domingos, muita movimentação nos festejos do santo padroeiro, novenas e quermesses. Tudo normal, coisas do cotidiano. Vida boa, quase abestalhada, onde quase nada acontecia. Em meio a muita gente importante, juiz, promotor, delegado, vereadores e coronel fazendeiro, o padre era também autoridade, gozava de todas as honras, regalias e respeito da sociedade trindadense.
A praça da Matriz era o ponto de encontro de todos nos finais de tarde, até da chamada turma do pé inchado, meia dúzia de pingunços, que viviam da branquinha serrana. Era época dos festejos, acabava de chegar um jovem padre formado no convento de Olinda. Padre Manoel Genuíno Maciel, era um tipo branco, magro e alto, de olhos amarelos, cabelos pretos e crespos, de boa família da capital do mangue. Empossado na paróquia, não vinha agradando a todos, notadamente ao pessoal da periferia, com sermões firmes sempre criticava a cachaçada e a prostituição. Falava de condenação ao inferno e até excomunhão de católicos infiéis.
Certa vez, reunidos na Zona Livre, cabaré dos mais humildes da região, daqueles que após o serviço, o sujeito só tem para se lavar, uma garrafa de água, sabão de barra e uma toalha, feita de saco de algodão, esses de embalar açúcar. Os membros do clube do pé inchado apoiados pelas raparigas resolveram dar um troco ao padre. Queriam mostrar que também eram filhos de Deus e conheciam “a palavra”. Zé Canário por ser um rapaz inteligente e ter estudado até a terceira série do ginásio em Caruaru, foi o escolhido para a grande missão religiosa. Passou na casa de Margarida Rosa, velha zeladora da igreja, filha de Maria e pediu emprestado uma bíblia. Passou três dias sumido, só estudando. Queria fazer bonito representando os seus amigos.
Era domingo, último dia do festejo. Zé Canário, saiu de casa todo empolgado, vestindo um desbotado terno azul, calça de mescla serrana e camisa de chita amarela com flores multicores, um pé do sapato outro num velha chinela alpercata feita em couro cru, a surrada bíblia debaixo do braço. Passou antes no bar da Socorro, próximo à praça, tomou uma dose de cachaça, derramou o resto dizendo que era a do santo, deu uma cuspida no pé do balcão dizendo que era para perturbar o cão e foi-se todo elegante, mancando, “vinte e nove, trinta, vinte e nove, trinta”. Na porta da igreja sua turma esperava ansiosa o grande momento da confissão. Apostavam tudo na inteligência de Zé.
Padre Manuel, começou a confissão. Fila longa, muita gente velha em busca da salvação, após uma vida mundana como era o caso de Severino Pafúncio, pistoleiro de aluguel que foi convertido ao cristianismo pelo padre Raimundo Souza Carvalho, velho pároco de Trindade que havia se aposentado e ido embora para sua terra, Parnaíba, no norte do Piauí. Chega a vez de Zé Canário. Aí homem caiu as carnes. Começou a tremer, nó na língua, suando frio. Criou coragem. Sabia que não podia decepcionar seus amigos que ainda estava lá fora aguardando. Foi logo se ajoelhando, mãos postas em oração. De dentro do confessionário o padre com voz de desconfiança, pois já conhecia bem aquele tipo e parte da história, contada por Margarida Rosa, foi logo sabatinando o homem. Quem são as três pessoas da Santíssima Trindade? Silêncio, longo silêncio...Zé pensa em seus amigos da Zona Livre. Afinal de contas, são para ele as pessoas mais importantes da cidade. A resposta quase não sai ... “Nego Chico, Nego Novo e cumpade Bastião”.

* Membro da Academia Parnaibana de Letras e do IHAL

Histórico de Buriti dos Lopes Piauí - PI


Histórico

A atual Cidade de Buriti dos Lopes foi fundada há mais de 200 anos, pelo português Francisco Lopes, o primeiro habitante que se estabeleceu às margens do riacho Buriti, nome :lado em virtude dos buritizais ali existentes. O topônimo resultou da associação do nome do riacho, com o sobrenome do fundador.
Francisco Lopes foi sucedido na direção do povoado por seu descendente Ângelo Antônio Lopes, muito estimado pelos habitantes do lugar, morrendo em luta com os balaios, em 1839, aos 90 anos de idade, em sua fazenda Tinguis.
O acontecimento provocou revolta, resultando na organização de uma força mista de cavalaria e infantaria, sob o comando do Prefeito de Parnaíba Tenente-Coronel José Francisco de Miranda Osório para combater os rebeldes. O contingente dissolveu o grupo, que se encontrava em Barra do Longá.
O povoado foi elevado à categoria de Vila em 2 de agosto de 1890, por ato do então Governador. Dr. Joaquim Nogueira Parnaguá. Em 1907, o nome Buriti dos Lopes foi mudado para o de Vila do Baixo Longá, voltando ao topônimo primitivo em 1911.
Em 1931, o Município foi extinto ficando seu território incorporado ao de Parnaíba, até 1933, quando foi restaurada a sua autonomia.
Gentílico: buritiense
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Buriti dos Lopes, pela resolução nº 533, de 13-06-1864, subordinado ao município de Parnaíba.
Elevado à categoria de vila com a denominação de Buriti dos Lopes, pela resolução estadual nº 15, de 02-08-1890, desmembrado de Parnaíba. Sede na atual vila de Buriti dos Lopes. Constituído do distritos sede. Instalado em 01-12-1890.
Pela lei estadual nº 428, de 27-06-1897, a vila de Buriti dos Lopes passou a denominar-se Baixo Longá.
Pela lei estadual nº 641, de 13-07-1911, a vila de Baixo Longá volta a denominar-se Buriti dos Lopes.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município já denominado Buriti dos Lopes é constituído do distrito sede.
Pelo decreto estadual nº 1279, de 26-06-1931, é extinto a vila de Buriti dos Lopes, sendo seu território anexado ao município de Parnaíba, como simples distrito.
Elevado novamente à categoria de vila com a denominação de Buriti dos Lopes, pelo decreto nº 1478, de 04-09-1933.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.

Alterações toponímicas municipais
Pela lei estadual nº 428, de 27-06-1897, o município de Buriti dos Lopes passou a denominar-se BaixaLongá.Pela lei estadual nº 641, de 13-07-1911, o município de Baixo Longá voltou a denominar-se Buriti dos Lopes.
Fonte: IBGE

Lenda da Pedra do Letreiro – A Gruta de São Cosme



Há 500 mil anos o mar saía daqui e deixava sua marca, criando um grande vale  formado por paredões de pedra dos dois lados, esse vale é conhecido hoje como riacho de São Cosme. Cosme foi o valente cacique dos Tremembés, considerado o mais poderoso dessa região, sua tribo era formada por fortes guerreiros que provavelmente foram os primeiros seres viventes de nossa terra.  Naquela época a maior concentração de indígenas no nosso estado ficava em São Raimundo Nonato, haviam também outras tribos vivendo em Sete Cidades, assim como, mais próximos daqui, viviam na Serra do Morcego ou Arco do Covão a tribo dos Alongás.
       A Aldeia do Cacique Cosme era protegida pela densa mata, que sempre verde e exuberante, era habitat de rica fauna, peba, tatu, juriti e jacu eram facilmente encontrados, quem se aproximava da tribo era descoberto pelo alarme do Quenquém, o assobio do macaco e os gritos da guariba.
     No vale do São Cosme nasceu, escorrendo de cima de uma ribanceira na chapada dos Fernandes, um forte olho d’água que passava em frente a aldeia do valente guerreiro, aquele riacho era formado por águas doce e cristalinas que foram essenciais para a sobrevivência dos nativos, em seu curso surgiram vários tanques apropriados para o banho, em um deles, especialmente refrescante, era o local preferido das três jovens e encantadoras filhas do Cacique Cosme.
     Certa vez as lindas jovens foram surpreendidas por três sedutores guerreiros Alongás, filhos do Cacique Senaqueribe, moradores da Serra do Morcego, eram inimigos dos Tremembés. Os guerreiros Alongás vendo aqueles lindos corpos nus devoraram de uma só vez a virgindade daquelas moças, porém antes que pudessem fugir foram capturados pela tribo rival, foram presos e mal tratados, o velho Cosme queria sacrificá-los pela desonra de suas filhas, felizmente a sorte sorriu para um deles que conseguiu fugir levando consigo o tesouro da tribo, chegando em sua terra avisou a Senaqueribe , e assim estava deflagrada a guerra entre as duas nações.
     Percebendo a fuga de um dos guerreiros, Cosme ficou em alerta, foi decretado que a tribo toda se organizasse para  uma possível invasão, a redondeza foi vigiada e em toda a extensão do grande vale, até a saída que vai para a Lagoa Grande do Buriti, foi determinado que em cima dos morros, de um lado e do outro, ficassem guerreiros armados esperando a entrada de tropas inimigas que desejassem libertar os prisioneiros que se encontravam reféns em poder dos Tremembés. Naquele momento, o Cacique Cosme esturrava furioso de saber que suas filhas foram violentadas pelos inimigos, e que mesmo estando presos não confessavam a prática de tal ato, nem diziam onde tinha ido parar o tesouro.
     Cosme desiludido resolveu registrar no paredão de pedras, que ficava no centro da aldeia, a sentença que seria aplicada a seus inimigos, daí o nome “Pedra do Letreiro”. O cacique pediu ao pagé que fizesse um feitiço, uma maldição para que seu tesouro se encantasse onde ele estivesse, e que jamais fosse encontrado, o pagé seguiu as ordens do cacique, porém estabeleceu que se em algum dia alguém conseguisse decifrar o que foi escrito no paredão aquele tesouro reapareceria.
     Senaqueribe pediu para que seus guerreiros surpreendessem os rivais, e quando os Tremembés não mais esperavam foram atacados, os Alongás entraram de vale a dentro com sua  forte caravana, armados até os dentes com tacapes, flechas e lanças, e assim naquela noite de lua cheia, depois de uma forte resistência conseguiram invadir a tribo, matar seu líder e quase todos de sua nação, a violência foi tamanha chegando ao ponto do riacho ficar escorrendo por muitos dias tinta de sangue.
      Depois do confronto as jovens índias foram levadas por seus algozes para viver com eles no Arco do Covão, o coração das jovens se partiu de dor, elas não queriam abandonar sua aldeia, e despedindo-se do lugar e do corpo do velho pai choraram sem parar, e até pouco tempo na gruta formada pela grande pedra, pingava gotas d’água como se fossem as lágrimas de saudade de seus legítimos donos. E daquele riquíssimo tesouro, que foi saqueado e nunca encontrado, hoje só restam as estórias fantasiosas que são passadas de geração em geração.
Texto:  Neném Calixto e Gildazio(membros do IHAL)